DDO PRIMEIRO ENCONTRO FIO UM SUCESSO, AI VÃO AS PERGUNTAS E AS RESPOSTAS SOBRE OS COMENTARIOS DO FILME.
1- Sophia não conseguia chegar ao orgasmo, nem se masturbando. Num papo com a personagem Severin, ela diz que provavelmente isso vem do fato de que a família dela é muito tradicional, uma "tradicional família sino-canadense", e que o pai sempre a observava muito. Ela não entra em detalhes, mas durante a discussão, levantamos a hipótese de que, provavelmente, essa dificuldade se deve ao fato dessa presença paterna muito constante, e que isso pode té-la deixado, de certa forma, sempre pouco a vontade com a sexualidade.
Nossa sociedade é muito castradora em termos de sexualidade, seja para mulher ou para o homem, mas para elas a coisa é mais complicada. Existem os tabus da virgindade e da pureza, no fim das contas se masturbar e conhecer o próprio corpo fica muito mais difícil, o que acarreta em maiores dificuldades em alcançar o orgasmo para muitas delas. Se alem do peso da sociedade a família ainda é mais castradora do que o normal isso também pode ser um fator para dificultar que ela chegue ao orgasmo. A mulher precisa se sentir protegida, acarinhada,amada , para poder se entregar e perder as amarras anti-orgásticas que ficam agarradas nelas.
2- O personagem James sofre de depressão, toma remédios diariamente. Durante o filme descobrimos que ele nunca se deixou ser penetrado, e ele mesmo faz uma analogia com a forma com que lida com os sentimentos das pessoas para com ele. Ele não deixa esse sentimento "entrar" nele. Pensamos nesses caras gays que tem uma forte repulsa por ser penetrado. O que você poderia dizer sobre isso?
A penetração anal , assim como o orgasmo feminino passa por vários crivos sócio culturais. Pensem só. A igreja recrimina e diz que é uma aberração. Já foi considerado um comportamento patológico pela medicina alem de ser socialmente execrável. Juntem tudo isso a um simbolismo de que, quem é sempre penetrado é a mulher e logo, um homem que se deixa ser penetrado é associado a imagem feminina e logo, perde o poder simbólico da masculinidade. Essas são algumas das dificuldades mais gerais do sexo anal masculino. Num ambiente psicológico como esse o fisiológico trava e alem de muita boa vontade e KY ainda se tem que ter muita paciência para o cara não surtar. O que a maioria não sabe é que o sexo anal masculino potencializa o orgasmo em algumas várias vezes. A penetração anal pelo pênis ou outro objeto apropriado( vamos deixar os pepinos e as garrafas pet de fora) a próstata é massageada e isso leva a uma amplificação do prazer peniano e um prazer especifico dessa massagem por ser a próstata um ponto erógeno. Ai eu pergunto...se como a galera da religião prega por ai, deus não queria sexo anal, pra que colocar terminações nervosas tão úteis e gostosas por La? Vamos repensar esses dogmas sem fundamento nenhum.
3- James e Jamie estão passando por um momento delicado da relação, por causa da escalada da depressão de James. James, por sua vez, está pensando em suicídio. Então, eles dois pensam em abrir a relação, e o fazem com o personagem Seth. Porém, Jamie fica inseguro, pois James fica muito satisfeito com a entrada de Seth. Só que, na verdade, James quer que Jamie não fique sozinho quando ele se matar. Discutimos também sobre a dificuldade que muitos casais, gays e héteros, encontram pra abrir a relação, dos riscos que isso envolve e dos fatores culturais que influenciam nessa dificuldade.
Pensem na lógica de nosso mundo acidental capitalista. As pessoas tem sede de coisas, de acumulação de capital, etc. nesse contexto os casamentos monogâmicos dão uma segurança ao homem de que todo seu suor e transmutado em patrimônio vai para Mao de um herdeiro geneticamente legitimo dele.o Problema: pensando dessa forma os seres humanos se vêem travando relações de subjetividade para objeto e não entre subjetividades. O outro passa a ser meu para controlar e não posso aceitar que esse outro se permita entrar em contato com terceiros com medo de perder a posse. As pessoas se sentem donas do corpo e do gozo das outras e nisso se amarram Tb porque a lógica não é unilateral e um dia se vêem também perdendo seu corpo e seu gozo em nome de uma regra pouquíssimo funcional chamada monogamia.
Mas enfim, uma vez que vivemos enterrados ate a cabeça nessa loucura toda, ou aceitamos e dançamos a musica capitalista ou aos poucos vamos ressignificando nossas relações dentro de nossas possibilidades. É importante não dar um passo maior que a perna e nem tão pouco ir mais rápido do que o parceiro pode agüentar. Na duvida, tentem fazer isso com ajuda de um terapeuta de casal.
2 comentários:
Oi! Vi o link para este blog e achei muito interessante a discussão e a ideia do projeto Psicosexcine. Pena estar trabalhando no horário em que ocorre. Infelizmente.
Fiquei pensando na discussão das relações abertas. O sistema capitalista e modernidade acabam sendo a explicação para muitas práticas na nossa sociedade, o que não deixa de ser pertinente. Mas é interessante também uma análise da singularidade dos diversos casos. A monogamia não é algo intrinsecamente ligado ao capitalismo, inclusive. Veio a calhar para a lógica do sistema. Sistemas poli e monogâmicos sempre existiram em culturas variadas, pré-capitalismo. Uma pena ter poucos estudos que discutam a subjetividade na era pré-capitalista, no que tange à monogamia. Suponho que amor envolva necessariamente um pouco de posse, porque tem muito de entrega e imaginar o ser amado nos braços de alguém para além de possíveis sentimentos de posse e raiva, deve ser doloroso em certa medida. Os casais de fato devem estar bem acompanhados profissinalmente e cientes do que fazem, até mesmo aqueles ditos "mentes abertas", "libertários". Lidamos ai com egos, com valorização/desvalorização, reconhecimento e o ser humano acaba sempre surfando nessa onda, independente do sistema economico (provavelmente o capitalismo tenha exacerbado esse aspecto...). Parabéns pela idéia! Salvador precisa de projetos assim! Abraço
Caro(a)anonimo(a),
obrigado pelo comentario!!!quanto as questões que vc levantou tenho certeza que elas vão aparecendo a medida que outros filmes fore,m comentados. mas sugiro a leitura de " o animal moral" de Robert Wright. uma visão muito interessante sobre a infidelidade.
abração!!!!
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